16.9.14

Ressonâncias

O nosso apreço pela abordagem aberta reflete, além de tudo, um dado biográfico recorrente, o de criar livremente colagens em um ateliê de arte transgredindo campos estéticos e perímetros de conhecimento, com um olhar no horizonte e sobre a palma da mão o astrolábio1. E por que não trazer para este trabalho acadêmico a compreensão da colagem agora como analogia dos domínios dadaístas sugerida por Deleuze2 como um estilo extemporâneo de pensamento na filosofia?




1  Instrumento náutico antigo, em forma esférica ou de círculo graduado, com haste móvel, usado para observar e determinar a altura do Sol e das estrelas e medir a latitude e a longitude do lugar onde se encontra o observador. Usado pelos gregos desde 200 a.C. Pela sua força emblemática, o Astrolábio passou a nomear a partir de 1984 meu ateliê de artes visuais em São Paulo (nota nossa).
2  Machado (2009, p.30) comenta esta alusão à colagem como procedimento na filosofia deleuzeana: “Falar de colagem a respeito do pensamento filosófico significa dizer que o texto considerado é muitas vezes extraído do seu contexto, ou melhor, que os conceitos – considerados como objetos de um encontro, como um aqui e agora, como coisas em estado livre e selvagem – são utilizados como instrumentos, como técnicas, como operadores, independentemente das inter-relações conceituais próprias do sistema que pertencem”.

Ressonâncias do mal-estar contemporâneo: psicanálise, arte e política. Luiz Palma 2013. Doutorado. PUC/SP