4.6.13

A coisa e o outro

Como todas as nossas relações, estas sim concretas, implicam a existência simultânea da “coisa” e do “outro”, nada pode ser conhecido se não for experimentado e avaliado, assim como nada pode ser experimentado se não for conhecido e avaliado e nada pode ser avaliado se não for também experimentado e conhecido. A divisão tradicional das disciplinas em Ciência, Política e Arte (respectivamente, conhecimento, valor e experiência) é uma abstração da concretude derivada do mundo da vida, da Lebenswelt formada por relações e conexões intencionais. Consequentemente  a eterna querela metafísica entre o idealismo e o realismo se esfarela. A atitude científica se altera, se o que se mostra concreto em termos científicos é precisamente a co-implicação entre conhecimento, valor e experiência, isto é, a pura intencionalidade – a ciência passa a assumir que empresta o sentido (Sinngebung) ao mundo em que vivemos. Logo, da mesma forma que a ciência se dá conta da sua responsabilidade estética, também a arte se dá conta de que ela é uma fonte de conhecimento.

Gustavo Bernardo. excertos, s.v. "Fenomenologia", E-Dicionário de Termos Literários (EDTL), coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9,  consultado em 04-06-2013.
Assemblage: Síntese provisória. Luiz Palma 2008.