26.1.10

A arte não imita o visível - ela torna visível o não visível

Detalhe de uma pintura da coleção Arqueologias de Luiz Palma
Os homens não deixam de fabricar um guarda-sol que os abriga (...) mas o poeta, o artista abre uma fenda no guarda-sol, rasga até o firmamento, para fazer passar um pouco do caos livre e tempestuoso e enquadrar, em uma luz brusca, uma visão que aparece atrás da fenda, primavera de Wordsworth ou maçã de Cézanne, silhueta de Macbeth ou de Ahab, segue a massa de imitadores, que remendam o guarda-sol, com uma peça de que parece vagamente com a visão; e a massa dos glosadores que preenchem a fenda com opiniões: comunicação.
Revista Cult. 13/2010. Diálogos - Silvio Ferraz e Annita Costa Malufe pág. 19/20