11.10.06

27a. Bienal de São Paulo: experimente ir junto com alguém.

A cidade ferve com as artes visuais. A cidade ignora as artes visuais que fervem em São Paulo: assim tem sido a cada dois anos. Ela existe para a massa e seus satélites que circulam habitualmente no Ibirapuera, para os entendidos de todas as extrações, visitantes de outros sítios e escolares em frenesi. Claro, e as indefectíveis autoridades!
O tema nesse ano é “Como Viver Junto”. Inspirado em seminários de Roland Barthes ministrados no Collège de France em 1976 e 1977, propõe uma reflexão sobre a vida coletiva em espaços partilhados, sobre a justaposição de ritmos diferentes no mesmo espaço físico. “No fundamento de todo viver-junto, há um conglomerado de sentimentos partilhados em constante recriação na vida cotidiana”, diz a co-curadora Cristina Freire. Alguns artistas põem seus trabalhos em praça pública: o grego Zafo Xagoraris, por exemplo, fará uma instalação acústica na avenida Rio Branco, enquanto a colombiana Maria Tereza Hincapié convida milhares de pessoas para uma ‘marcha-performance’. Outro eixo conceitual para esta Bienal é o “Programa Ambiental” de Hélio Oiticica. Neste conjunto de textos teóricos e práticos, o artista traz o espectador para dentro da obra e põe o trabalho artístico entre as reflexões. A 27ª Bienal está conceitualmente situada na interseção de duas linhas de pensamento que Hélio Oiticica (1937-1980) desenvolveu: o sentido de "construção" e o "adeus à estética". Essas duas linhas se traduzem em "Projetos construtivos" e "Programas para a vida". No primeiro, arte e arquitetura (real e imaginária) são discutidas assim como o papel que ocupam na criação de novas formas de comportamento, o que faz de um espaço físico um lugar de convivência. Os trabalhos enfocam também as práticas da reconstrução: quais são os discursos que revelam a violência dos regimes políticos? Como reconhecer e estudar marcas deixadas por manifestações culturais? Já em “Programas para a vida”, a Bienal reconhece o trabalho do artista Marcel Broodthaers e retorna a suas reflexões sobre o fetichismo da assinatura do artista, a circulação de obras de arte: para quem o artista produz? Sim, tente responder, antes ou depois. Deixe-se levar!
De 07 de outubro a 17 de dezembro de 2006 Edifício Bienal. Parque do Ibirapuera – Portão 03 São Paulo.ENTRADA FRANCA Horários: de terça a sexta: das 9h às 21h. Sábado, domingo e feriados: das 10h às 22h. Tel 5576-7648 ou 5576-7647.