10.8.09

Luiz Cavalli

No contemporâneo o mundo liberta-se de um olhar que o reduz às suas formas constituídas e sua representação, para oferecer-se como substância trabalhada pela vida enquanto potência de variação e, portanto, matéria em processo de combinação de novas expressões.

A arte participa da decifração dos signos das mutações sensíveis, criando fluxos através dos quais tais signos ganham visibilidade e integram-se ao mapa vigente. Assim é, portanto uma prática de experimentação que participa da transformação do mundo.

A obra de Cavalli contém esse expressionismo que reconfigura a paisagem do ser e do mundo. Seu trabalho é fruto de uma delicada e incessante tarefa de resistir a esse ambiente adverso para instalar-se exatamente no ponto de tensão entre o "ser e o estar" para deixar-se aí impregnar pelas florações do gesto. Mas não há como deixar de falar em beleza em sua obra, pois ela tem a ver com a ação desta potência da vida que nela se expressa, dando-lhe o poder de contaminação do ambiente onde ela se insere. Estamos diante da graça e da elegância de uma encarnação vital: ao comunicá-la estas obras nos afetam, abrindo um novo espaço em nossa sensibilidade.