8.10.14

E. M. Cioran - Silogismos da amargura


A curiosidade não só provocou a primeira queda, como inumeráveis quedas de todos os dias. A vida não é senão esta impaciência de decair, de prostituir as solidões virginais da alma pelo diálogo, negação imemorial e quotidiana do Paraíso. O homem só deveria escutar a si mesmo no êxtase sem fim do Verbo intransmissível, forjar palavras para seus próprios silêncios e acordes audíveis apenas a seus remorsos. Mas ele é o tagarela do universo; fala em nome dos outros; seu eu ama o plural. 


Foto LP. Astrolábio na Rua Livi. SP 1998.

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