25.8.06

ARMA-ZEN - um tranco na inércia

Para Marilena Chauí,a filósofa brasileira, a democracia deve constituir uma sociedade aberta ao tempo, ao possível, ao novo. Não estar fixada numa forma para sempre determindada. Inspirada em Espinosa, no ciclo de debates "O Esquecimento da Política" realizado no Rio de Janeiro durante essa semana, disse "a paz não é a simples ausência da guerra. Uma cidade na qual a paz depende da inércia dos súditos deve mais ser chamada de solidão do que cidade." No Astrolábio Ateliê um grupo de artistas convocou o Arma-zen na esperança de abrir um espaço de manifestação para a cultura da paz. Dei esse grito em maio como um manifesto no pico da violência em São Paulo. Observo que a inércia vai vencendo por enquanto. Tenho visto as pessoas mais indiferentes do que com alguma vontade de enfrentamento, e esse aparente desânimo para com o mal-estar engrossa mais a fila da fuga - daqui, dali ou da própria consciência. Não sou ingênuo para atribuir à arte poderes revolucionários assim como não acredito que a ciência e a tecnologia por si mesmas façam evoluir a civilização. Mas não tenho dúvida quanto à consciência como fonte de vontade e poder. Uma aglutinação em torno da arte, pensei naquele momento, pode desacomodar, dar um tranco na inércia, produzir uma força rizomática capaz de nos levar adiante da solidão. O que há para incendiar, senão o medo que em sua mente habita?

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