12.9.13

Nietzsche e as três metamorfoses

Como o espírito se transforma em camelo; e o camelo em leão; e o leão, finalmente, em criança.

Há muitas coisas pesadas para o espírito forte e sólido, imbuído de respeito. A força deste espírito reclama por coisas pesadas. Transformado em camelo se sobrecarrega de todas as coisas por mais pesadas que sejam e corre em direção ao deserto. Ajoelha-se como camelo e quer que a carga lhe seja bem acomodada. Assim se apressa o espírito para o seu deserto.

Mas ali, na extrema solidão do deserto ocorre a segunda metamorfose e o espírito se torna leão. Pretende conquistar a liberdade e ser rei do seu próprio deserto: "Eu quero" diz o espírito leão a "Tu deves" seu antigo amo. Para criar a própria liberdade e dizer um sagrado não, mesmo perante o dever, para isso, é preciso o leão. Como seu bem mais sagrado ele amava outrora o "Tu deves". Mesmo no que há de mais sagrado deverá agora encontrar apenas ilusão e arbitrariedade, se quiser arrancar à custa de seu amor sua liberdade. É preciso ser leão para essa violência.

Para que será preciso que o leão que ataca se transforme em criança? A criança é inocência, esquecimento, um recomeço, um brinquedo, uma roda que gira por si própria, movimento primeiro, sublime afirmação. O espírito quer agora a sua própria vontade. 
Tendo perdido o próprio mundo quer conquistar seu mundo.
Assim falava Zaratustra. E nesse tempo morava na cidade que se chama "Vaca Malhada".

Adaptado de Coleção Essencial de Nietzsche. São Paulo: Editora Escala, 2003.. Foto Luiz Palma.

1 Comentários:

Anonymous celinha disse...

adorei a foto....ela reflete o texto,sensacional....Até Nietzche aprovaria.
bjs com carinho,
Celinha Santoro.

6/10/13  

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