20.6.13
"É
sabido que considero a oposição estudantil atual (movimento estudantil
americano nos anos 60 em luta pelos direitos civis e liberdade) como um dos
fatores decisivos no mundo; certamente não julgo como censura que me foi feita,
seja ela, por si mesma, uma força revolucionária. ...é parte de uma oposição
algo maior, denominada em geral de "nova esquerda". ...não é uma
exceção de alguns pequenos grupos, ortodoxamente marxista ou socialista.
Caracteriza-se por uma profunda desconfiança contra todas as ideologias (...) -
ademais não está fixada na classe operária como classe revolucionária. Não
pode, de modo geral, ser definida em termos de classe. É composta de
intelectuais, de grupos do movimento pelos direitos civis e da juventude
principalmente de elementos radicais da juventude que, a primeira vista, não
parecem ter nada de político os chamados hippies, dos quais falarei mais tarde.
(...) este movimento tem como porta-vozes não propriamente qualquer dos
políticos tradicionais, mas outras figuras tão desprezadas, como poetas e
escritores. ...essa circunstância é francamente um "pesadelo" para os
"velhos marxistas", e a oposição aqui, evidentemente, nada tem a ver
com a força revolucionária clássica no marxismo; um pesadelo, porém um pesadelo
que corresponde à realidade. Creio que esta constelação de oposição a tal ponto
não-ortodoxa é um reflexo fiel da sociedade de rendimento
autoritário-democrática, da sociedade unidimensional, cuja característica
principal é a integração da classe dominante em um terreno muito material,
muito real, a saber, o terreno das necessidades dirigidas e satisfeitas que,
por sua vez, reproduzem o capitalismo monopolista - uma consciência dirigida e
oprimida."
In:
Revista Civilização Brasileira. Set/Dez 1968. Ano IV, n. 21/22.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial