O ALEPH

Surge em São Paulo nos anos 80 do sec XX. Criado para expressar formas artísticas visuais, o Astrolábio segue por ruas paulistanas. Começou na Capote Valente,seguiu para Bartira, Simão Álvares, Cap. Antonio Rosa, Livi e atualmente na Maria Leonete da Silva Nóbrega em Pinheiros. Organizamos mostras e oficinas de artes visuais, jazz session e conversas sobre arte e filosofia. Aqui no blog a pretenção é a de circular imagens e ideias . Vamos nessa? Luiz Palma http://astrolabio.art.br
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Festim
Convivo com anjos e demônios
e circulo entre eles
até com uma certa elegância,
sentindo que tudo é a mesma coisa
contida em si,
em mim
e em ti...
Como a experimentar
ritual gosto da vida
em largas tragadas
em largos goles
em taças de vinho tinto
que derramo no canto da boca
bêbado
E então vejo tudo moldado,
montado, ligado,
como a máscara e o nariz,
o sorriso e a maldade.
E sinto que não estou nada poético:
Diria patético, arquétipo...
Mas tenho a verve e o lápis,
a língua e o gestual
e sinto queimar um ardente desejo
de fecundar o beiral do tempo
para não guardar para mim
a revelação do óbvio:
de que sou um resumo do oblívio...
Cada um guarda em si todas as dinastias,
todos os segredos,
todas as verdades
e todas as mentiras também,
Vivo nas sombras,
vivo das sombras
que cultivo
com meu corpo opaco
sempre de costas para a luz
Teço tramas,
intrigas
e ainda quero
todas as moedas
que puder juntar
Sou o filho dileto de todos os mitos,
sou celebrado em todos os ritos,
o resultado de todas as misturas,
dos quatro elementos,
do puro e do impuro
Sou a alquimia,
a mágica e o mago,
um relógio
a pulsar
e expulsar o tempo
sou vago ou profundo
conforme o momento,
conforme a leitura,
conforme o leitor,
conforme desejo.
Sou refém deste momento,
ao mesmo tempo doce e feroz
um livre docente,
um franco atirador,
com sorridente olhar de serpente,
Então
Decifra-me ou devoro-te
Decifra-me e devoro-te
Devoro-te de qualquer jeito !
Mas escondo-me e
por estas escuras lentes enxergo o que quero
Mas elas me contêm
fico preso em mim,
Com a visão embaçada pela velocidade do tempo.
Estou por trás dos olhos vendados,
Por dentro do vitral da íris
Escondido, calado, à espreita, feroz...
As lentes escondem minha alma,
Meus olhos são um espelho coberto,
Quem ousaria se refletir em minha retina
revelar o que há de terrível
Quem ousaria perturbar o silencio de minha alma ?
Atiçar as chamas infernais de meus pensamentos dormentes ?
Aqui estou eu,
A te observar por uma porta selada, lacrada,
Estou por trás dela,
Esperando uma fresta para escapar
E fazer um motim, um festim,
Ateando fogo ao barco que nos sustenta
No meio das águas revoltas de teus olhos claros.
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PS - Foi ótimo conhecer sua forma de arte. Essa figura me lembrou de uma poesia minha, onde me imaginava de costas para a luz, apenas vendo minhas piores sombras...
Um abraço, Eli Buchala (ebuchala@ig.com.br)
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